O Arquiteto de Software da Torre de Marfim

Wiliam Buzatto
3 min readApr 29, 2021

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A expressão Torre de Marfim designa um mundo ou atmosfera onde intelectuais se envolvem em questionamentos desvinculados das preocupações práticas do dia-a-dia. Como tal, tem uma conotação pessoal, indicando uma desvinculação deliberada do mundo cotidiano (wikipédia)

Embora questionamentos desvinculados das preocupações práticas do dia a dia possuam seu papel e lugar na tomada de decisão arquitetural, a completa desvinculação do cotidiano pode cobrar seu preço.

O Plano (im)perfeito

Times de arquitetura possuem sua importância a depender do porte das organizações, porém não deveria ser um silo isolado.

O Mestre dos magos

O arquiteto de software que trabalha distante do time e vem para apresentar o plano incrível do projeto e depois só aparece quando diretamente requisitado (normalmente para verificar alguma criticidade) acaba moldando essa concepção de arquiteto da torre de marfim.

O descolamento do que acontece no dia a dia, possivelmente resulta em outras dores. O arquiteto é essencialmente um orquestrador, que atua em conjunto com o time.

Decisões de comitê

Conforme já mencionado a importância do comitê arquitetural, a centralização de decisões em demasia, pode tornar-se um gargalo. Se a cada nova alteração o time precisa esperar o comitê (ou o arquiteto levar para o comitê a decisão) o gargalo está decretado, e a torre de marfim consolidada.

Havendo um distanciamento(centralização em excesso) entre times e decisões, frequentemente há falta de confiança nos colegas, que desencadeia outros problemas, como bem observado pelo meu amigo Tiago Teixeira.

Documentação questionável

Sobre documentação, vale outra discussão completa em outro momento.
Me limito aqui a divagar se a falta de documentação pode favorecer o conceito da torre de marfim, pois um time às cegas(o arquiteto incluso) pode depender mais de um comitê e favorecer o surgimento do mestre dos magos.

Quando a torre está presente, a documentação também passa a ser um item relicário, onde o time a vê como algo intangível.

Equipe dispersa

A existência da torre pode proporcionar para o time sensação de isolamento, de que não são ouvidos e não raro, levando a desmotivação.

Quando tópicos importantes daquele software são discutidos longe da equipe e volta uma decisão rígida a ser seguida, pode gerar apatia com o projeto e com os envolvidos.

O Arquiteto de Software Colaborativo

Todo software de qualidade necessita de um arquiteto (alguém com esse boné). Em outro momento discutiremos isso também.

Colaborativo: Que envolve ou contém colaboração[…] Produzido em conjunto com outras pessoas; (fonte: Dicio)

Quando expectativas em relação ao software estão alinhadas, todos possuem os mesmos objetivos, os mesmos sucessos.

O arquiteto para o time

O arquiteto presente e participativo é visto como um membro do time, e não alguém distante.

Envolva o time nas decisões, pondere “os porquês” e esteja aberto para opiniões, questionamentos e outros pontos de vista. Faça o time parte da decisão.
Tornar a arquitetura como parte integrante do time e do software é cultivar o trabalho em equipe, a disseminação de conhecimento e engajamento de todos.

O arquiteto para o negócio

Documente o necessário, converse abertamente sobre restrições e os atributos de qualidade que sustentarão os objetivos de negócio. Treine sucessores.

Arquiteto de software em colaboração com o time

Através do erro, conseguiremos a vitória

No contexto apresentado, quisemos destrinchar a ideia do arquiteto da torre de marfim em alguns aspectos nocivos ao ambiente.

Mesmo sem derrubar a torre de imediato, podemos descer dela e tornar o trabalho de todos os envolvidos melhor.
Seja um Arquiteto Colaborativo.

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Wiliam Buzatto
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